O papel de cada um de nós na construção de um mundo mais justo

Published on : 07-08-2020
  • Sodexo On-site

    "É importante frisar que quando você empodera uma mulher, você muda o mundo. Espero que, em 20 anos, tenhamos menos batalhas e que toda mulher possa ser aquilo que deseja”. A frase da famosa estilista e empreendedora belga Diane Von Furstenberg sintetiza um pouco o que eu acredito e desejo: que em um futuro próximo, a equidade de gênero não precise ser tão debatida, esperando 217 anos para ser real (segundo dados do Fundo Monetário Internacional), e que o feminismo seja visto como algo natural.

    Nesse mundo hiperconectado e em constante transformação que vivemos, a maneira como empresas e líderes se relacionam com as comunidades onde atuam precisa também estar em evolução continuamente. É preciso olhar para as importantes causas e gerar conteúdos para discussões, mudança e principalmente crescimento.

    Hoje, gerar valor é mais do que produzir um produto ou entregar um serviço. É ouvir e entender as necessidades das pessoas e incorporá-las ao negócio. Por isso, quando as empresas apoiam, de maneira legítima, causas e interesses da sociedade como o respeito e a promoção da diversidade, estabelece-se uma relação humanizada e de confiança.

    Acredito, apoio e defendo a diversidade e o respeito às pessoas. Neste sentido, cada um de nós é um importante agente de transformação, que promove o desenvolvimento humano e permite a igualdade de oportunidades para todos. 

    Ao longo da minha carreira, tive e tenho a oportunidade de fazer parte de movimentos comprometidos com a participação feminina no ambiente corporativo. Eu me deparei com histórias de mulheres que foram as primeiras a assumir cargos de liderança e de todas as dificuldades que enfrentaram para estarem em suas posições. Olhando mais atentamente a participação da mulher no mercado de trabalho, percebi que o gênero não deve definir a capacidade de ninguém, por isso eu luto para garantir a criação de um ambiente justo, que atrai, retém e desenvolve pessoas, e não vê barreiras para que mulheres cresçam profissionalmente e também se tornem líderes.

    Cerca de 30 milhões de mulheres são chefes de seus lares no Brasil, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), e dados do Sebrae citam que 34% dos negócios no Brasil são liderados por mulheres. Ainda uma pesquisa da Organização das Nações Unidas (ONU) mostram que as mulheres chegam a gastar até 90% de sua renda com alimentação, saúde e educação para suas famílias. Dessa forma, torna-se claro que é fundamental o apoio à atuação delas em posições que antes eram destinadas apenas para os homens.

    Hoje, estou como presidente de uma das maiores empresas de serviços do mercado e tenho muito orgulho de representar uma companhia que compartilha dos mesmos valores que eu tenho, e acredita que a equidade de gênero é inerente ao princípio da igualdade entre homens e mulheres, pois entende que todos os seres humanos, independentemente do sexo, são livres para desenvolver suas habilidades pessoais, suas carreiras profissionais e fazer escolhas sem as limitações estabelecidas por estereótipos, papéis rígidos de gênero e preconceitos. 

    Não podemos esquecer que empoderamento feminino é o ato de conceder o poder de participação social às mulheres, garantindo que possam estar cientes sobre a luta pelos seus direitos. Estamos falando aqui de uma consciência coletiva que constrói uma sociedade que promove para a mulher o seu espaço, seja de fala ou mesmo no mercado de trabalho e na política. Afinal, as mulheres precisam entender que são capazes, para então poder começar a fazer mudanças.

    Estou aqui falando de encontrar espaço para as mulheres, no entanto ainda vivemos em um mundo em que elas são assassinadas, simplesmente por serem mulheres. Infelizmente, o Brasil caminha para liderar o ranking mundial da violência contra mulher. Tal situação constitui-se em uma das principais formas de violação dos direitos humanos das mulheres, mais do que isso, trata-se de algo estruturante da desigualdade de gênero.

    Um levantamento do Datafolha e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), apontou que 1,6 milhões de mulheres foram espancadas ou sofreram tentativa de estrangulamento no Brasil, enquanto 22 milhões (37,1%) de brasileiras passaram por algum tipo de assédio. Entre os casos de violência, 42% é doméstica, seja ela física, psicológica, moral, patrimonial ou sexual. Isso coloca, lamentavelmente, nosso país na quinta posição no ranking de feminicídio mundial, atrás de países como El Salvador, Guatemala, Colômbia e Rússia. Segundo o Ipea – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, a cada 15 segundos, uma mulher sofre agressão. As estimativas são alarmantes e apontam que uma mulher é assassinada a cada uma hora e meia.

    É inadmissível, em pleno século XXI, que a violência, especialmente contra as mulheres, faça parte do cotidiano das pessoas. De fato, o ciclo de violência precisa ser quebrado, e sabemos que a empregabilidade e autonomia financeira são importantes pontos de partida nesta luta.

    Neste sentido, tenho orgulho de dizer que a Sodexo faz parte do Programa Tem Saída, uma iniciativa advinda da parceira do Ministério Público, Prefeitura de São Paulo, Defensoria Pública, ONU Mulheres e diversas empresas do setor privado, que viabilizam vagas de emprego para mulheres em situação de violência, promovendo a sua inserção no mercado de trabalho.

    Após passar por um acompanhamento, a mulher é encaminhada para participar de uma seleção de emprego. As candidatas passam por processo diferenciado, com apoio da equipe técnica da Prefeitura e das áreas de recursos humanos das organizações parceiras. Além disso, todos os envolvidos recebem treinamento específico para atender as mulheres vítimas de violência.

    Também apoiamos a Coalização Empresarial pelo Fim da Violência Contra Mulheres e Meninas. A iniciativa, que atua alinhada com os Princípios de Empoderamento das Mulheres da ONU Mulheres e do Pacto Global, tem como objetivo engajar líderes do setor privado no compromisso voluntário de influenciar ações de combate ao problema, como o desenvolvimento de atividades de capacitação para o enfrentamento da violência doméstica, a implementação de políticas contra o assédio sexual e a promoção de campanhas internas contra a agressão feminina.

    São temas como este que me fazem ter certeza o quanto o empoderamento tem ainda grande importância. Não estou falando apenas de uma ideia a ser divulgada, mas sim da criação de consciência e apoio à causas e ações que promovam a equidade de gênero e igualdade social.

    Enquanto líderes, servimos de modelo para diversas equipes, por isso busco estimular, apoiar e incentivar constantemente a equidade de gênero dentro e fora da Sodexo. Acredito que nossas atitudes têm o poder de equalizar as diferenças entre homens e mulheres estabelecidas há tanto tempo na sociedade e no ambiente corporativo.

    E, nesse sentido, o primeiro passo é mudarmos hábitos que temos no dia a dia junto às mulheres que convivemos, como compartilhar conhecimento, especialmente com as mulheres mais jovens e com menos experiência, ou reconhecer as que têm um bom desempenho. Na Sodexo, promovemos a sororidade, e sugerimos que cada colaboradora atue em prol da propagação desta atitude.

    Mas a atuação com mulheres, especialmente em situação de violência doméstica, é apenas uma das vertentes do nosso trabalho em diversidade. Ainda há muito o que fazer para termos uma sociedade mais justa e melhor! Tenho certeza que cada um de nós tem um importante papel nessa construção.

    Artigo por: Andreia Dutra - Presidente da Sodexo On-site Brasil