Terapia nutricional: como utilizá-la em hospitais?

A terapia nutricional auxilia na recuperação e promove o bem-estar dos pacientes. Veja como implementar esse tratamento no seu hospital.

Diversos profissionais estão implementando a terapia nutricional como aliada na recuperação de pacientes, e é fundamental que as instituições de saúdetambém conheçam essa prática.

Voltada para o entendimento pleno das condições do indivíduo, esse método facilita na proposta de alternativas que atendam às necessidades de alimentação em casos onde isso for preciso.

No entanto, trata-se de uma forma de avaliação que ainda está se consolidando entre os tratamentos hospitalares, principalmente pela falta de conhecimento de seus benefícios.

Por esse motivo, vale a pena conhecer mais sobre a terapia nutricional, como ela funciona e qual a forma de colocá-la em prática de maneira eficiente em instituições de saúde.

O que é terapia nutricional?

A terapia nutricional é o conjunto de métodos voltados à nutrição que auxilia na recuperação do paciente por meio da correta ingestão de alimentos e rotinas saudáveis. A prática da terapia nutricional atua diretamente junto a outras áreas, desde o acompanhamento médico até a fisioterapia.

Seu objetivo é identificar quadros clínicos que possam estar prejudicando a melhora de indivíduos hospitalizados por conta de traumas, infecções ou que acabaram de passar por um procedimento cirúrgico.

Após diagnosticar a situação do indivíduo, a terapia nutricional busca alternativas para cuidar do quadro e evitar o desenvolvimento de ocorrências mais graves. 

Além disso, é uma forma de atuar na recuperação do sistema do paciente, auxiliando, por exemplo, nos níveis de proteína do plasma sanguíneo e na reformulação dos tecidos corporais, que evitam deficiências nutricionais.

Existem diversos modelos de terapia que podem ser indicados para o paciente, dependendo do seu estado de saúde e das necessidades do seu organismo.

Ainda, trata-se de um monitoramento contínuo, que acompanha o paciente até sua plena recuperação. Em alguns casos, o profissional também pode seguir o quadro após a alta, garantindo que os novos hábitos alimentares foram mantidos, e os efeitos da terapia permanecem positivos na vida do paciente.

Quais os passos para implementar uma terapia nutricional?

As recomendações para implementar a terapia nutricional no caso do paciente indicam uma avaliação em algumas etapas, que permitirão conhecer o quadro clínico de forma mais completa.

Em um primeiro momento, existe o reconhecimento dos riscos que o hospitalizado está correndo caso não receba os devidos nutrientes.

Isso pode acontecer após a manifestação de alguma patologia, ou por meio de acompanhamento profissional que identifica essa necessidade.

Em seguida, o paciente deverá passar por uma avaliação mais detalhada, de modo a quantificar seus problemas, desde o que já se manifestaram, até ocorrências que ainda podem surgir.

Com esses dados em mãos, o profissional poderão estabelecer a correta terapia nutricional para o caso avaliado, com características únicas para aquele quadro específico. Trata-se do cálculo nutricional, indicado para montar uma dieta apropriada.

Ainda, a equipe deverá indicar, efetivamente, os tipos de cuidados que o paciente precisa, como enteral ou parental.

Finalmente, será possível iniciar um acompanhamento e monitoramento para observar a evolução do quadro e oferecer a assistência necessária.

Qual a finalidade da terapia nutricional?

A terapia nutricional tem como finalidade auxiliar na recuperação do paciente e identificar possíveis deficiências relacionadas aos seus hábitos alimentares.

Uma vez que indivíduos expostos a procedimentos cirúrgicos ou enfermidades demonstram alterações sistêmicas, é essencial que o profissional monitore, também, seus níveis nutricionais.
Dessa forma, poderá agir de forma rápida para impedir a formação de novas ocorrências relacionadas a um desequilíbrio de reposição alimentar.

Além disso, pessoas que vivenciam condições delicadas em hospitais precisam atingir uma série de objetivos que visam melhorar sua saúde, como recuperar células sanguíneas, aumentar a imunidade ou retomar massa muscular.

Todos esses objetivos podem ser alcançados por meio de uma terapia nutricional adequada, que não apenas identifica as demandas do paciente, como também busca opções para atendê-las como for possível.

É importante reforçar, ainda, que essa prática também é indicada para pacientes com enfermidades, para que seu tratamento seja completo, nem sempre envolvendo intervenções cirúrgicas, mas que dependem de uma alimentação apropriada.

Dados sobre desnutrição, má alimentação e hospitais

Embora a terapia nutricional tenha vital importância para o paciente e para a instituição que o atende, o cenário brasileiro ainda apresenta dados pouco positivos nesse segmento.
A terapia nutricional é fundamental no cenário brasileiro, considerando os dados relacionados à má alimentação em hospitais e instituições de saúde.

Um levantamento da Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral (Braspen), divulgado pela CNN, mostra que quatro em cada dez pacientes internados em hospitais públicos no Brasil estavam desnutridos em 2021.

A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologia do SUS — Sistema Único de Saúde também aponta que a desnutrição hospitalar atinge 48,1% dos pacientes da América Latina e do Brasil, com 12,5% de registros como quadros graves.

Embora sejam números alarmantes, a maioria dos centros de atendimento público não contam com alternativas para lidar com essa situação.

Conforme a Braspen, pouco mais de 400 hospitais do SUS disponibilizam terapia nutricional para os pacientes. Isso representa 6,9% das unidades de saúde de todo o País.

Existe uma relação direta entre a má alimentação e o cenário brasileiro, que, por não oferecer terapia nutricional acessível e de qualidade para todos, eleva o número de pacientes que sofrem com desnutrição.

Nesse caso, é necessário procurar por especialistas privados a fim de obter um tratamento completo que leve a alimentação hospitalar em consideração.

Recuperação de pacientes e terapia nutricional

A terapia nutricional está diretamente ligada à recuperação de pacientes, propondo uma melhora mais rápida e assertiva ao identificar as necessidades alimentares de cada caso.

Isso ocorre porque as causas da desnutrição hospitalar são multifatoriais, mas se relacionam com a doença de base que está sendo tratada.

Em outras palavras, o quadro inicial do internado pode ser o potencializador inicial da patologia que levou a uma queda na nutrição do seu sistema.

Assim, é trabalho da terapia nutricional identificar ocorrências como inflamação, tempos longos de jejum e realização de exames, propondo alternativas mais eficientes para melhorar o paciente quanto antes.

Em muitos casos, sem uma alimentação adequada, torna-se impossível alcançar resultados verdadeiramente positivos, o que leva ao gasto de mais recursos para manter o indivíduo hospitalizado.
Por outro lado, com a terapia nutricional, a recuperação ocorre de maneira mais assertiva, trazendo benefícios também para a gestão.

E mesmo ações de longo prazo, como novos procedimentos cirúrgicos, só podem ser feitos quando os profissionais identificam uma melhora significativa no paciente, seja na sua disposição ou no seu monitoramento.

Parte dessa evolução está diretamente ligada aos nutrientes que o corpo recebe, algo que a internação sem acompanhamento pode comprometer. Em outras palavras, a terapia nutricional é um dos elementos que aceleram o tratamento do paciente, e, consequentemente, levam a uma recuperação mais rápido e assertiva.

Posteriormente, a gestão também se beneficiará com essa evolução, uma vez que não precisará gastar mais recursos para manter a internação, enquanto atende o paciente satisfatoriamente.

Tipos de terapia nutricional

Atualmente, existem quatro formas de administrar a terapia nutricional nas instituições de saúde. Veja mais detalhes sobre cada uma delas:

Terapia Nutricional Oral

Trata-se do formato mais comum, onde o especialista pode ministrar os nutrientes para o paciente de forma tradicional, com dietas apropriadas.

Essa alternativa é indicada após diagnóstico e tratamentos que permitam a alimentação independente do internado.

Geralmente, a etapa de identificação da desnutrição ou avanços de alguma patologia específica indica a possibilidade de tratar o quadro somente com atuação oral.

No entanto, isso pode incluir diferentes formatos, como comidas sólidas, líquidas ou pastosas. Além disso, a equipe responsável também deverá se atentar para quais grupos de nutrientes devem estar inseridos em cada refeição.

Não existem contra-indicações para a terapia nutricional oral, uma vez que ela é pouco invasiva e permite ao paciente utilizar da sua autonomia para reestabelecer sua saúde e recuperação.
Inclusive, é um formato que permite a interação com o paciente, para saber suas opiniões e preferências, montando uma dieta que combine com o que ele procura. 

Ela pode seguir pelo tempo que for recomendado, sofrer alterações e adaptações conforme a evolução do quadro.

Terapia Nutricional Enteral

Enquanto isso, alguns casos exigem a aplicação de cateteres enterais para ministrar os nutrientes por sondas que chegam ao sistema estomacal.

Muitos pacientes estão debilitados ou sofrem com condições que impedem a alimentação sólida ou líquida, exigindo o uso desse modelo para suprir suas necessidades.

É comum que essa opção seja usada apenas por alguns dias, buscando a recuperação do paciente para continuar por via oral.

Esse formato exige maior atenção dos profissionais, por ser um pouco mais invasivo e trazer um certo desconforto para o paciente.

Inicialmente, o suporte é recomendado para curto prazo, de três a quatro semanas. Nesse caso, pode ser feito por sonda via nasogástrica, nasoduodenal ou nasojejunal.

Enquanto isso, alimentações de longo prazo, superior a quatro semanas, podem acompanhar novos procedimentos médicos, que adaptam o sistema do paciente para receber os nutrientes sem comprometer sua recuperação.

Esses períodos de uso da sonda podem ser prolongados na prática diária, dependendo das condições do quadro clínico e das recomendações profissionais.
No entanto, é fundamental que exista um acompanhamento mais próximo de uma equipe qualificada, não apenas para realizar a manutenção do aparelho, como também adaptar a terapia nutricional conforme o estado do internado.

Um dos principais objetivos é buscar uma recuperação significativa que permita continuar o tratamento por via oral, com maior autonomia e menos impacto na qualidade de vida do paciente.

Terapia Nutricional Parenteral

Condições mais graves podem exigir a terapia nutricional parenteral, ou por via venosa, onde a aplicação ocorre diretamente no organismo do paciente.
Dessa forma, evitam-se consequências muito graves provenientes da sua condição, ao passo que auxilia na recuperação do seu sistema.

Híbrida

Por fim, é possível aplicar a terapia nutricional de forma híbrida em pacientes que possam receber esse tratamento, uma vez que os formatos não são necessariamente excludentes.

É necessário a avaliação de um profissional habilitado para recomendar a união de mais de um modelo de nutrição clínica, mas é uma alternativa para atingir os objetivos mais facilmente.Embora algumas pessoas acreditem que esse formato deva ser administrado em casos mais urgentes, é importante reforçar que essa modalidade exige uma avaliação completa da equipe responsável, pois o paciente precisa estar estável.

Além disso, também é um método que visa deixar o quadro confortável, mesmo indivíduos que não tenham o trato gastrointestinal funcional, nesse primeiro momento. A prescrição deve ser cuidado, e feita em um curto período, antes de 8 dias de internação. Por conta disso, é fundamental ter colaboradores preparados para identificar a necessidade dessa terapia nutricional quanto antes.

Quais são as indicações da terapia nutricional?

Além de ser indicada para pacientes internados e que estejam em fase de recuperação, a terapia nutricional também pode atender outros grupos, como:

• indivíduos com obesidade;
• idosos com disfagia;
• pacientes com câncer;
• indivíduos em pré e pós-operatório;
• indivíduos com insuficiência renal;
• pancreatite;
• pessoas com síndrome do intestino curto.

A correta avaliação e indicação do tratamento deve ser feita a partir do diagnóstico de especialistas e médicos, além de exigir acompanhamento periódico.
E para os hospitais atingirem o máximo desempenho nessa prática, é essencial contar com uma equipe qualificada em gastronomia clínica, que permite atender aos objetivos terapêuticos da melhor forma possível. 

Por isso, é importante que os gestores invistam nessas formas de tratamento, oferecendo tratamentos assertivos para os pacientes.
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