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A cicatriz no seio faz com que a oficial de limpeza, Viviane das Graças Garcia, sempre tenha em mente a luta que tem vivido e os obstáculos que têm superado. Em agosto de 2024 ela acabou precisando retirar um tumor maligno em um dos seios, descoberto ainda este ano.
Tudo aconteceu muito rápido. Foram seis meses entre o diagnóstico do câncer de mama e a cirurgia. Por não ter histórico da doença na família, Viviane nunca pensou que poderia tê-la. Até por isso, aos 42 anos de idade e mãe de 6 filhos, ela não se atentou em fazer a mamografia. Porém, após um pequeno incômodo durante o banho sentiu um pequeno caroço no seio. Passaram-se dias e aquela “pelotinha” não sumia. Então, resolveu procurar uma ginecologista.
“Fiz os exames e apareceu um carocinho de 2 cm. A médica disse que era para eu observar e, se sentisse alguma coisa anormal, era para eu procurá-la novamente. Mas eu fiquei bem e me esqueci”, conta.
Foi a dor iniciada em fevereiro, que a lembrou de que tinha um caroço para monitorar. Desde então, Viviane passou a ter dores cada vez mais fortes na mama e axila. Não conseguia trabalhar e nem fazer as tarefas do dia a dia. O seu seio estava cada vez mais inchado.
Um dia, percebeu que uma mama estava maior que a outra. Junto, surgiu secreção no mamilo. “Corri para a médica. Quando fomos ver, o tumor estava com 12,5 cm. Depois disso foi tudo na urgência. Uma corrida contra o tempo para eu não perder meu seio inteiro e nem comprometer minha vida. Senti muito medo, muito mesmo. Principalmente porque tenho dois filhos pequenos”, relatou.
Para suportar a dor que sentia, Viviane passou a ir ao pronto socorro com frequência para receber medicação e, durante cinco meses ficou longe do trabalho para repousar até a cirurgia. Durante esse período, Viviane sempre teve o apoio de sua liderança.
“Eu ia para o centro cirúrgico às 7h. Quando foi 6h me ligaram da Sodexo, dando força, dizendo que ia ficar tudo bem, me tranquilizando. Recebi muito apoio da empresa e isso foi muito importante para mim. Sou muito grata a todos que me acolheram”, afirma.
A família também esteve o tempo todo ao seu lado: seu marido, seus filhos e sua mãe, que cuidou dela durante a recuperação. “Sem o amor e a ajuda deles eu não teria conseguido”, diz.
Viviane ainda precisa fazer acompanhamento médico a cada seis meses, por cinco anos, para ter certeza de que o câncer desapareceu. “Passei pela primeira etapa. Tenho certeza de que vou vencer a segunda e não precisarei de quimioterapia”, acredita.
Desde que recebeu o diagnóstico de câncer, Viviane faz terapia pela Sodexo. Agora, trabalha para recuperar sua autoestima. Ela ainda não se acostumou com a cicatriz em seu seio, mas revela que se esforça, todos os dias, para aprender a gostar de sua nova aparência. “Ficou a cicatriz. Meu seio ficou diferente. Mas daí penso que é melhor ter essa marca do que ter perdido a vida”, ressalta, emocionada.
A mastectomia no seio esquerdo nunca impediu a analista de Comunicação Carolina Palma de usar biquini em lugares públicos. Pelo contrário. Ela faz questão de mostrar seus seios assimétricos.
“Um é bem maior que o outro e isso causa desconforto nas pessoas. Quero que cause mesmo, para que haja uma reflexão sobre esse culto à ‘beleza’ e não à saúde. Eu venci um câncer. Tenho orgulho disso. Se precisasse tirar as duas mamas tiraria, sem pestanejar”, enfatiza.
O câncer de mama está diretamente ligado à feminilidade. Por isso, a doença provoca insegurança nas mulheres que a tem. Em geral, há o medo de ser julgada, abandonada pelo parceiro, de ficar “mutilada” ou feia. A estética ocupa um lugar de peso neste contexto.
Hoje, Carol se sente mais segura. Entretanto, ela também teve seu ponto fraco durante os primeiros meses de tratamento: o medo de perder seus cabelos cacheados. Sem temer, ela decidiu raspar os cabelos e assumir o novo visual.
“Eu tinha um cabelão lindo e, depois que ele caiu, nunca mais foi o mesmo. Cheguei a usar turbante, mas um dia resolvi me assumir. Fui madrinha de quatro casamentos enquanto estava carequinha. Faz parte da minha história, de quem sou. Por que esconder?”.
As cobranças pela maternidade também apareceram de todos os lados: “Agora que você está com câncer como vai ter filhos? Não vai congelar os óvulos? Como vai amamentar? Ouvi muito isso, de muita gente. Como pensar em gravidez sendo que lutava pela minha própria vida, para me manter de pé? Chegava a ser desrespeitoso”, conta Carol.
Carol foi diagnosticada com câncer no final de 2018. Retirou e reconstruiu toda a mama esquerda em março de 2019, e readequou os seios, posteriormente. Depois, passou por 4 ciclos de quimioterapia e 18 de imunoterapia, agora, está na reta final do tratamento de hormonioterapia.
Assim como Viviane, não havia histórico de câncer de mama na família de Carol. Seus exames ginecológicos estavam sempre em ordem. Tanto que ela começou a sentir que havia algo de errado seis meses depois de fazer sua bateria de exames. Mas no caso dela não foi um caroço que apareceu. Foi um líquido no mamilo. Carol tinha 33 anos.
“Divulgam muito o autoexame e encaminham as mulheres para fazer mamografia só depois dos 40 anos. É por isso que muita gente descobre tarde. O autoexame não é diagnóstico e o câncer de mama não tem idade certa para acontecer. Isso tem que ficar claro para as pessoas”, alerta Carol.
Ao descobrir o câncer, a mastologista – especialista em mama – pediu urgência em todos os exames. A cirurgia deveria ser feita o quanto antes.
“Quando a gente recebe a notícia e a médica fala ‘corre’, a gente entra em pânico porque sai com aquele calhamaço de exames para fazer ‘para ontem’. Então, a gente acha que está morrendo. Mas não é isso. É porque tem um processo mais burocrático para seguirmos e demora”, explica.
Apesar de Carolina ter ouvido da médica que o caso dela era urgente, ela não sentiu medo e se manteve otimista o tempo todo. Tinha certeza de que iria se curar. Para isso, teve o apoio incondicional da família, dos amigos e, sobretudo, do marido Felipe.
“As pessoas costumam bater palmas para os homens que não abandonam as mulheres. Mas, na verdade, é o mínimo que se espera da pessoa com quem você se casou” diz.
Carol ressalta que embora o marido tenha estado do seu lado o tempo todo, quem cuidou dela, de fato, foram mulheres: sua mãe, irmã, suas amigas e sua sogra. Além disso, todas as profissionais que acompanham são mulheres: a ginecologista, a mastologista, a oncologista, cirurgiã plástica, a terapeuta, a psiquiatra. É um universo feminino, em que mulheres falam para mulheres e tratam das mulheres.
“E é exatamente isso que tem que mudar. Não é a fitinha ou o fato de usarmos roupa rosa em outubro que vai gerar transformação. Precisamos que os homens também se mobilizem, ajudem, cuidem de quem está doente e das mulheres cuidadoras. Precisamos de rede de apoio. É isso que faz a diferença”, afirma Carol.
Tanto Viviane quanto Carol sentem dificuldade para falar sobre o câncer.
Viviane faz o possível para alertar as mulheres que encontra sobre a importância da prevenção do câncer de mama, pois “não deseja para ninguém o que passou”.
Carolina, que também é artista visual, passou a se manifestar sobre o assunto recentemente por meio da arte. Ela recebeu um convite, em 2023, para fazer parte de um projeto sobre mulheres, na Baixada Santista, no litoral paulista, só com mulheres. Como já havia se curado do câncer, resolveu pintar um quadro que representasse isso. Escolheu o tema coragem: a coragem de se expor, de falar sobre a doença, de mostrar seus sentimentos.
“Se levamos uma mensagem leve para a sociedade, temos uma interpretação leve também. Então, temos que falar do câncer de mama como ele é, de forma dura, para que ele entre num lugar de consciência das pessoas. Não é sobre seios. Não é sobre beleza. É sobre a nossa vida”, finaliza Carol.
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