Dia da Visibilidade Trans: Conheça os colaboradores da Sodexo

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De preconceitos até a busca por emprego, Noah e Adrian falam sobre como chegaram até a Sodexo e dão conselhos para as empresas que desejam se tornar mais inclusivas.

Um estudo da UNESP em 2020 constatou que 1,9% da população brasileira é composta por pessoas transgêneras ou não binárias, isso representa 4 milhões de indivíduos.

Hoje, dia 29 de janeiro, é comemorado o Dia Nacional da Visibilidade Trans e, em um país que ainda convive diariamente com a transfobia, levando a 175 assassinatos em 2020, de acordo com a Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), precisamos cada vez mais reforçar a importância do tema e conscientizar a todos para acabar com o preconceito no Brasil.

Destacamos também algumas estatísticas, de acordo com a TREE – Consultoria e Educação em Diversidade e Inclusão, das pessoas trans em 2021 nos ambientes educacional e de trabalho:

  • 0,02% das pessoas trans estão na universidade;
  • 72% não possuem Ensino Médio completo;
  • 20% da população trans não tem emprego formal;
  • 57% sofrem com insegurança alimentar;
  • 51% das pessoas trans escondem sua identidade no trabalho por medo de discriminação.

Na Sodexo, contamos com uma área Diversidade, Equidade e Inclusão para tratar de assuntos como esse e trazer mais pessoas diversas ao nosso quadro de colaboradores. Além de palestras e rodas de conversa sobre o tema, é preciso pôr em prática essa cultura inclusiva.

O Noah Henrick, de 19 anos, é uma das pessoas trans que está conosco e foi o primeiro trans contratado no Escritório Central, em São Paulo, fora os outros 60 presentes nas operações. O Noah ingressou em agosto de 2021 como Jovem Aprendiz, por meio do curso gratuito Habilidades Para o Futuro no Instituto Aliança de São Paulo, uma iniciativa latino-americana que no final conecta jovens aprendizes com empresas interessadas em contratar, e atualmente trabalha no time de Diversidade, Equidade e Inclusão. Outro exemplo é o Adrian Gil, de 26 anos, nosso Oficial de Serviços Gerais há 2 anos e 4 meses. Foram 3 anos fora do mercado formal, trabalhando em lanchonete. Ele diz que já de cara foi diferente na Sodexo, sua primeira experiência profissional de fato. Atualmente ele fica responsável pela limpeza dos banheiros e gosta de cumprir a tarefa, pois sente mais tranquilidade, e gosta de fazer seu trabalho de forma mais individual. 

A busca por reconhecimento e respeito 

O Noah busca o seu lugar no mundo. Ele, assim como outros trangêneros, não deseja que a sua identidade seja um rótulo para tudo que for fazer. “Antes eu não era respeitado como pessoa trans, era inviabilizado, recebia menos por isso e as oportunidades eram limitadas. Aqui, na Sodexo, eu enxergo que tenho possibilidades de crescer, eu sou reconhecido e respeitado com os pronomes que desejo ser chamado “ele/dele” e isso me cativa demais.” - conta Noah sobre como foi entrar na Sodexo.

Ele compara o que está vivenciando com outro trabalho que teve onde não era respeitado como pessoa transgênero. “Minha primeira oportunidade foi em uma estética automotiva, lá foi o primeiro contato que eu tive com o preconceito. Na segunda semana, eu comecei a ouvir piadas do meu gestor, ele pedia para eu colocar peruca e passar batom. Teve uma hora que minha mãe viu que eu estava desmotivado e eu contei o que aconteceu. Na hora ela disse pra eu sair. Depois consegui o curso, iniciei o período de 5 meses, conclui e eles me conectaram à Sodexo.”

Já o Adrian, não teve outra experiência profissional além da Sodexo e disse que desde o início foi tratado com respeito e não teve nenhum problema. “Em momento algum houve essa distinção entre cis e trans, eles me trataram da mesma forma que qualquer outra pessoa.” - comentou ele. 

Descoberta como transgênero e apoio da família

Noah conta que desde cedo sabia que era trans e já se identificava com o universo masculino. “Eu me identifico como uma pessoa trans desde muito novo, eu sempre tive esse viés mais masculino, isso se mostrava no meu interesse em roupas e brinquedos.” 

Sobre sua transição, ele diz que não foi fácil, mas que a família foi a sua fortaleza. “Foi uma transição bem complexa. Na época da escola eu ainda não me aceitava como trans, isso me causou insegurança. Eu não queria ser chamado por pronomes femininos. Com 16 anos, chamei a minha mãe e disse que precisava de uma mudança pois estava me sentindo mal. Eu disse que queria cortar o cabelo e foi o primeiro passo em que me senti próximo de mim mesmo e me fez viver novamente.”

“Com 17 anos, eu falei que queria mudar mesmo, iniciar minha transição e passei a usar meu nome social. É isso que eu sou. Minha mãe disse que eu iria continuar sendo o filho dela. O que me conforta em não desistir é a minha família.”

O Adrian também relata que já entendia desde pequeno que era diferente e não se enquadrava nos padrões impostos pela sociedade. “Desde sempre eu já entendia que era diferente. Só que não sabia exatamente o que, justamente pela falta de informação, pela falta de conteúdo e pela falta de vivência. Isso se estendeu até os meus 18 anos, quando eu comecei a ter mais contato com pessoas trans e fui entendendo qual era o meu lugar.”

Futuro e novas possibilidades

A Sodexo abriu os olhos do Noah para novas possibilidades. Dentro da empresa, ele conheceu outros jovens aprendizes e viu que era possível formar uma carreira.

“Antes de eu entrar na Sodexo eu tinha sonho de virar ator, que parecia a única alternativa. Para quem é trans e ainda não possui qualificação, ouvir que existe alguma chance, é uma inspiração. Isso me deu vontade de criar raízes na empresa. Pretendo iniciar alguma faculdade esse ano.”

Além dessa conquista, ele relatou que seus colegas profissionais sempre o ajudaram com informações para alcançar seus direitos. "Compartilharam comigo uma cartilha com passo a passo para retificar a certidão e consegui este ano mudar os documentos.” - para Noah, esse êxito foi muito esperado e tem uma grande importância.

Conselhos para empresas

O primeiro passo é entender que já estamos em 2022 e a diversidade, equidade e inclusão são temas necessários para qualquer empresa. 

Se não tiver uma área dedicada a isso, é interessante começar com conversas para inserir o debate na empresa. Outra ideia é se conectar com empresas de recrutamento que tenham pessoas mais diversas cadastradas e fazer um processo de seleção. 

“As empresas não podem ter essa visão de preconceito. As oportunidades de crescimento devem ser iguais para todos. Para as empresas que ainda não tem uma área de diversidade estruturada, que tenham esses grupos de trabalho para iniciar as conversas. Elas precisam se esforçar para que não haja discriminação no processo seletivo. Muitas empresas falam sobre diversidade, fazem painéis, mas na prática não fazem nada disso. A gente precisa ensinar e educar as pessoas para que o preconceito não exista.” - sugere Noah para que as empresas sejam mais assertivas em suas estratégias de contratação. O Adrian também diz a sua opinião a respeito. “Começar a abrir esse leque de agora é bem interessante, porque a gente é qualificado e temos formação com estudo e potencial. É olhar mais para o profissional do que para o pessoal, ainda vejo muitas pessoas na defensiva."

É crucial que as empresas também tenham políticas contra discriminação e tomem as providencias necessárias. 

Nós trabalhamos incansavelmente para que todas as políticas que adotamos sejam justas para todos e abrimos espaço para recrutamentos diversos. Para que essa realidade não exista mais, precisamos agir, só assim vai haver mudanças concretas. O nosso papel é lutar para inserir grupos de minoria e assim vamos continuar fazendo. Esperamos que todos façam a sua parte também.
Inserir todas as pessoas, pois só juntes é que construiremos um mundo mais inclusivo e justo.